Em 1º de janeiro de 2030, não haverá inteligência artificial geral (AGI) e a AGI ainda não estará próxima de se tornar realidade.
Algumas razões pelas quais penso isso:
- Se analisarmos benchmarks simples como o ARC-AGI e o ARC-AGI-2, que são fáceis para os humanos resolverem e foram intencionalmente projetados para serem um desafio mínimo para a IA, as fraquezas dos modelos de IA de ponta ficam claramente evidentes.
- O uso casual e cotidiano de grandes modelos de linguagem (LLMs) revela erros graves em tarefas de raciocínio simples, como não compreender que um evento que ocorreu em 2025 não poderia ter causado um evento que ocorreu em 2024.
-O progresso em IA não parece seguir uma tendência exponencial rápida, mais veloz que a Lei de Moore e que esteja preparando o terreno para uma explosão de inteligência. O progresso parece, na verdade, bastante lento e incremental, com uma melhoria moderada do GPT-3.5 para o GPT-4, e outra melhoria moderada do GPT-4 para o o3-mini. A redução nos custos de execução dos modelos ou o aumento na capacidade computacional usada para treiná-los provavelmente está acontecendo mais rápido do que a Lei de Moore, mas não a inteligência propriamente dita dos modelos.
- A maioria dos especialistas em IA e a maioria dos superprevisores fazem previsões muito mais conservadoras quando questionados sobre a IA geral (IAG), estimando um prazo mais próximo de 50 ou 100 anos do que de 5 ou 10 anos.
-A maioria dos especialistas em IA está cética de que o dimensionamento de grandes modelos de linguagem (LLMs) possa levar à IA geral (IAG).
-Parece que descobertas e avanços científicos profundos e fundamentais seriam necessários para que a construção de uma IA Geral (AGI) se tornasse possível. Não há evidências de que estejamos prestes a presenciar tais avanços e parece que eles podem facilmente levar muitas décadas.
-Algumas das pessoas conhecidas que fazem previsões agressivas sobre o cronograma da AGI hoje também fizeram previsões agressivas sobre o cronograma da AGI no passado que se mostraram erradas.
-O mercado de ações não acredita que a AGI chegará em 5 anos.
-Houve pouco ou nenhum efeito claro e observável da IA na produtividade econômica ou na produtividade de empresas individuais.
-A IA ainda não consegue substituir tradutores humanos ou realizar outras tarefas para as quais parece estar mais bem posicionada para assumir.
-O progresso em problemas de robótica com IA, como a direção totalmente autônoma, tem sido decepcionante. (No entanto, as empresas de direção autônoma têm uma boa estratégia de relações públicas e marketing até o dia em que anunciam o fechamento de suas operações.)
-O discurso sobre a AGI soa excessivamente milenarista, o que é um motivo para ceticismo.
-A comunidade de pessoas mais focadas em manter o discurso sobre previsões de AGI a curto prazo parece isolada, intolerante a divergências ou inconformismo intelectual ou social (em relação às normas do grupo) e fechada até mesmo a críticas razoáveis e relativamente brandas (independentemente de demonstrarem ou não estarem abertas a críticas). Não parece uma comunidade científica. Parece mais uma subcultura de nicho. Parece um grupo de pessoas apenas repetindo números cada vez menores umas para as outras (10 anos, 5 anos, 3 anos, 2 anos), se incentivando mutuamente (seja com entusiasmo ou ansiedade) e reforçando constantemente as ideias umas das outras. Não parece uma comunidade intelectualmente saudável.
-Muitos dos pontos mencionados acima já foram levantados antes e não houve respostas satisfatórias para eles.
Gostaria de agradecer a Sam Altman, Dario Amodei, Demis Hassabis, Yann LeCun, Elon Musk e a vários outros que preferiram não ser nomeados por me darem feedback sobre cada uma das dezesseis versões preliminares deste texto que compartilhei com eles nos últimos três meses. O feedback de vocês me ajudou a transformar uma ideia bruta em uma crítica incisiva.
(Este último parágrafo com meus "agradecimentos" é uma brincadeira, mas o resto da publicação não é uma brincadeira.)
Publicado originalmente em 5 de abril de 2025 aqui.
Tradução: Fernando Moreno